KIAFUNHATA
imagens da vida e da arte
quarta-feira, 7 de abril de 2010
Sem cor e sem rima
Mesmo longe do mar
as águas tomaram conta do cenário
Início de Abril aquoso e nada límpido
Numa cidade de papel
Diluída pela chuva
Transitável somente em barquinhos...
Para desempenho de nosso papel de cidadão
Flutuamos desgostosos sobre o esgoto
Esgotados pelo caos de
Ir e (não) vir
Num trânsito que para sob o choque de águas
Que param carros e coletivos
Outras ondas
Em terras cariocas
Formadas por montanhas que deslizam,
por bueiros que regurgitam água contaminada
por dejetos,
caos natural
administrado (?) pela incapacidade da engenharia oficial dessa cidade
e ampliado pela maravilhosa capacidade popular de lançar à rua papéis e outros restos
Que rolam sob a enxurrada
despencando junto com barrancos
e deitando abaixo o sonho da casa,
traçado na fragilidade da borda do barranco,
que, feito desenho de hidrocor colorida no papel,
se esvai sob a chuva
Corpos sem vida
Cidade incolor
Dias que rimam com dor
Simone Ri (cc) o
07/04/2010
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Bacana, Simone; é isso...!!! Beijos Nádia
ResponderExcluirE assim ficamos "ilhados". Do caos à indiferença de uma minoria, seguimos (sobre)vivendo nesse mar olímpico de desastres nada naturais...
ResponderExcluirOlha Si... isso dá uma música. Quem sabe uma mãozinha de Gabriel, o pensador, ou MV Bill pode fazer surgir um rap com esta letra. Muito bom!
ResponderExcluirBeijos,
Jupi
Si,
ResponderExcluirSua sensibilidade sempre linda, assim como seu coração.
Sou sempre sua fã.
Eu tenho medo de dizer "lindo!" e acharem que me refiro à desgraça carioca. Então vou falar só assim, poema digno de integrar os escritos poéticos mesmo quando referido a questoes dolorosas -- LF Verissimo tinha uma forma de nomear escritos assim: "série 'poemas numa hora dessa'", então... Lindo!
ResponderExcluirbjs