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quinta-feira, 14 de março de 2013

Abdias Nascimento, Carolina Maria de Jesus e Dia nacional da Poesia: celebrações de 14 de março!



Reunidos pelo evento Poeme-se, autores e público presentes ao espaço cultural da Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro celebraram o dia nacional da poesia com falas sobre o fazer poético, declamações e uma breve homenagem ao poeta performático Éricson Pires.

A abertura contou com os poetas Clauky Boom (Poeta e coordenadora do movimento Por um Rio Capital da Poesia); Daniel Rolim Rocha (professor na Casa Poema); Thereza Christina Rocque da Motta (Editora Ibis Libris, coordena o Sarau Ponte de Versos/RJ); Otávio Júnior - Livreiro do Alemão (idealizador e realizador do projeto Ler é 10 – Leia Favela/RJ) e Marina Mara (poeta multimídia idealizadora do Sarau Sanitário, Declame para Drummond, Parada Poética RJ / DF).


A seguir, conversa moderada por Écio Salles (FLUP) reuniu João Corujão e Sergio Vaz que resumiram suas trajetórias iniciadas na periferia e, em muitos pontos, semelhantes ao percurso de Carolina Maria de Jesus e Abdias do Nascimento, ambos nascidos neste dia 14 de março e implicados com as dificuldades editorais enfrentadas por todos os autores e enfatizadas naqueles oriundos de famílias pobres.
Amparado em sua figura carismática e bom humor, João Luiz de Souza contou como sarau e poesia tornaram-se responsáveis por episódios de protagonismo vivenciados por ele a partir dos 10 anos, quando organizou seu primeiro sarau. Com admiração, o público ouviu o autor e assessor cultural conhecido como João do Corujão relatar a vasta experiência profissional, que reúne passagem pela equipe de Darcy Ribeiro, durante o processo de implementação dos CIEPs. Como desdobramento deste trabalho, ingressou na animação cultural, realizando atividades culturais em escolas de Santa Cruz, onde iniciou um Sarau na conhecida e carente comunidade de Antares. Tempos depois, o trabalho com a poesia passou a ser realizado em São Gonçalo, onde permanece ativo e promovendo circulação e fruição de cultura em outra parte da periferia carioca.

Ao iniciar sua fala, Sergio Vaz deixou claro que faz parte desta cultura que movimenta a periferia. Descrevendo o território que habitava ao nascer, onde o livro e leitura eram preteridos e estigmatizados, o agitador cultural aponta uma relação que vai sendo transformada pelo movimento dos saraus.  A transformação foi vivida na pela por Vaz, para quem a escrita foi uma descoberta da vida adulta, momento de mergulho em obras literárias, produção de textos e promoção de ações destinadas a interferir na vida de pessoas distanciadas de atividades culturais e confrontadas com duros índices de violência. Organizador do Sarau da Cooperifa, um dos mais destacados na mídia, Vaz argumentou que o maior sucesso do sarau é local e consiste na formação de novos leitores na periferia.

Fechando a conversa, Écio Salles citou atividades responsáveis por uma necessária dessacralização da poesia e literatura, destacando a doação de livros conhecida como libertar livros e a revoada de balões, práticas adotadas no Sarau da Cooperifa para despertar o interesse pela leitura e garantir o acesso ao livro.

Antes do aplauso final, poetas presentes na plateia falaram de seus trabalhos realizados no interior de trens, nas ruas e nos mais diversos cenários da cidade que  abriga o movimento  Rio Capital da Poesia. O que se viu e ouviu nesta noite foi uma mínima parte do vasto capital de poesia que circula nos livros, folhetos, camisetas, muros e muito outros espaços que ganham força na cultura carioca.

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